Como trabalhar conteúdos tradicionais de forma inovadora? No
Colégio Saint Clair, de São Paulo, direção e professores se deram conta
de que poderiam mesclar as atividades escolares com assuntos de domínio
da garotada. Assim, desenvolveram o projeto Harry Potter e a Magia do
Conhecimento, em que disciplinas como química e história são ensinadas
tendo por base as aventuras do bruxo mais famoso da literatura e do
cinema modernos. Como resultado, conseguiram o envolvimento em massa de
alunos dos ensinos fundamental e médio.
Apesar da resistência inicial de alguns pais, que se opuseram à
ideia principalmente por questões religiosas, o colégio seguiu
dialogando até aprovar o projeto. "Mostramos que o contexto em que toda a
ficção da série é inserida trazia muita riqueza científica e que
permitir aos alunos adentrar em um mundo de criatividade e inteligência
seria extremamente produtivo para o ensino", explica Luciane Fazito,
diretora da escola, que durante todo o ano costuma promover eventos
educacionais com os mais diversos enfoques.
Com o Saint Clair transformado em uma Hogwarts, a escola de magia
dos livros e filmes, os estudantes tiveram a oportunidade de descobrir
como eram os colégios antigamente, com seus quadros-negros e aulas mais
densas, diferentes das propostas das instituições mais modernas.
"Até mesmo os ambientes vistos no filme foram utilizados como, por
exemplo, a Floresta Proibida. Foi proposto aos alunos um estudo de como
seria essa suposta floresta, com análise de vegetação, animais e clima,
buscando encontrar uma floresta real com as mesmas características",
conta a diretora.
A partir da ficção, os alunos aprenderam sobre a Inquisição
durante a Idade Média (história), quando os "bruxos" eram perseguidos
pela Igreja, sobre o ábaco e outras ferramentas antigas de cálculos
(matemática) e realizaram atividades bem interativas como o jogo de
xadrez (raciocínio) em que as peças eram as próprias pessoas, em alusão
ao primeiro livro da série, Harry Potter e a Pedra Filosofal.
A parte da "bruxaria" ficou por conta dos experimentos químicos
como as experiências de alteração da cor da água e métodos de elaboração
de perfume. Usando com base o envelhecimento dos personagens da série,
as turmas aprenderam sobre as etapas de crescimento do ser humano.
Para completar a diversidade dos trabalhos, teve até invenções
robóticas: uma coruja e uma aranha mecânicas, alusivas aos exemplares
desses animais que apareceram na série.